Ciência no Salé João: Projeto “Cana de açúcar e forró não têm coisa Mió: esse ano o arraiá é no canaviá
Projeto promoveu visitas técnicas à Usina Pinheiro, ao Museu Afro-Brasileiro, à Embrapa e ao Canavial da Família Cabral

Para formar os alunos de forma integral, o Colégio Salesiano trabalha os conteúdos pedagógicos de forma interdisciplinar. Diante disso, os alunos dos 8º e 9º anos participaram do Projeto “Cana de açúcar e forró não têm coisa Mió: esse ano o arraiá é no canaviá”. As disciplinas geografia, história, química, física, ciências, biologia e matemática integraram o Projeto. Durante 45 dias, os estudantes realizaram visitas técnicas e experimentos no laboratório de ciências, além da roda de conversa e degustação de pastel com caldo de cana.
Segundo a técnica do laboratório de ciências Mônica Meneses, o Projeto valoriza a cana-de-açúcar, que é explorada desde o período colonial. “Nesta magnitude de conhecimentos pedagógicos, a iniciativa proporcionou aos discentes a oportunidade de vivenciar o cultivo, a produção e os diversos processos de transformação da matéria-prima. Assim, preparamos-os para os vestibulares modernos, construímos a análise crítica e descritiva necessária no aprendizado”, destacou.
Usina São José do Pinheiro
Na primeira visita técnica do Projeto Interdisciplinar, os alunos conheceram a Usina São José do Pinheiro, que produz açúcar, álcool e energia. Ela está localizada na área rural do município de Laranjeiras/SE. Na ocasião, eles aprenderam sobre a história do local, o impacto socioeconômico da usina, o uso da tecnologia empregada no sistema de produção e os índices de qualidade do açúcar. Além disso, entenderam as estratégias sustentáveis, os sistemas de armazenamento e o processo de manutenção industrial.
“A empresa tem capacidade de esmagamento de 1 milhão e 100 mil toneladas de cana por safra. Produzimos 2 milhões de sacos de açúcar por ano, além da capacidade de produção do etanol de 26 milhões de litros. Além disso, também exportamos energia, 10 megawatts (MW/hora)", explicou o gestor de controle de qualidade da Usina, Carlos Eduardo Araújo.
A estudante Eduarda Oliveira do 8º ano C do Ensino Fundamental (Anos Finais) falou sobre a visita técnica à Usina Pinheiro. “É muito legal conhecer algo que nunca observamos na vida. De todo o processo da produção do açúcar refinado, eu gostei da parte do empacotamento. Eles fazem tudo com muita organização e higiene”, disse.
Museu Afro-Brasileiro
Ainda em Laranjeiras, as atividades pedagógicas continuaram no Museu Afro- Brasileiro. Os discentes observaram exposições com objetos que retratam a escravidão e a vida da sociedade sergipana, no século XIX. Dentre eles: moendas de cana, arados, prensas, meios de transporte, troncos, réplicas das mordaças, bola de ferro, chicote e palmatória.
Conforme a museóloga Verônica Consuêlo Santos, o Museu Afro-Brasileiro nasceu, na década de 70, para identificar o homem negro de Larajeiras. “Eu quero destacar que nosso Museu ainda está em processo de construção. Atualmente, evidenciamos o sofrimento da escravidão e mostramos as religiosidades africanas, como forma de resposta. A construção se dá em relação a lacuna referente às resistencias do povo negro. Mas pretendemos trabalhar essas temáticas em breve”, afirmou.
Embrapa Tabuleiros Costeiros
Dando continuidade às tarefas do Projeto e para conhecer as pesquisas científicas produzidas no país, os alunos visitaram a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Na ocasião, os assuntos destacados foram os tipos de cana-de-açúcar, a cultura de tecidos, o melhoramento genético e as tecnologias utilizadas.
Além disso, os estudantes dos 9º e 8º anos fizeram questionamentos sobre as pesquisas de produção de açúcar, etanol e da geração de energia, a partir da biomassa, realizadas por equipes de Sergipe, Alagoas e outros estados.
Canavial da Família Cabral
Encerrando com chave de ouro as visitas técnicas, os discentes conheceram o canavial da Família Cabral, localizado em Capela (SE). Na oportunidade, eles acompanharam de perto todas as etapas do plantio da cana-de-açúcar. Os senhores Daniel e Thiago Cabral explicaram sobre o planejamento do plantio, preparação da área, amostragem do solo, épocas do ano, controle de pragas, operação de plantio e colheita. E ainda, os alunos e educadores fizeram um plantio no local.
Ademais, a escritora e historiadora Maria Otilia Cabral ministrou uma palestra sobre a história dos engenhos e explicou como a produção agrícola foi importante para desenvolver o município.
Experiências no laboratório
O Projeto Cana-de-açúcar continuou com a realização de experimentos no laboratório de ciências da escola. Os alunos do 9º ano produziram etanol por fermentação da sacarose da cana-de-açúcar, ou seja, com o caldo de cana e pelo processo de evaporação, utilizando uma levedura específica. Os estudantes do 8º ano avaliaram características físico-químicas (solubilidade, pH e Brix) de diferentes tipos de açúcar (mascavo, demerara, cristal e refinado).
Conforme a professora de história Ana Carla de Jesus, os alunos adquiriram conhecimentos de forma significativa nas atividades pedagógicas do Projeto. “Não nos limitamos a sala de aula, ultrapassamos os muros da escola com a vivência da cana-de-açúcar. Os estudantes obtiveram uma aprendizagem significativa, que saiu da teoria e foi exemplificada na prática. Promovemos a interdisciplinaridade entre as disciplinas em diversos momentos do projeto”, disse.
Exposições no Salé João e Quadrilha
Todas as atividades do Projeto Cana-de-açúcar foram divulgadas durante o Salé João 2023. Os alunos e educadores montaram um estande com banners e espaço de degustação dos produtos feitos com a matéria-prima. Além disso, os estudantes dos 8º e 9º anos apresentaram uma coreografia para homenagear os cortadores de cana-de-açúcar.
A aluna do 9º ano C do Ensino Fundamental (Anos Finais), Laís Déda, foi uma das integrantes da quadrilha do Projeto Cana-de-açúcar. A coreografia foi desenvolvida pela professora de geografia Ana Isabel de Freitas e mostrou a importância da cultura canavieira para a sociedade. “Nós fizemos uma homenagem aos trabalhadores dos canaviais. Mostramos como a cana-de-açúcar é importante tanto para os cortadores quanto para os trabalhadores das indústrias, com a produção do etanol, energia e açúcar”, afirmou.