Page 77 - Revista Salesiano
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— Ricardo Rodríguez está aqui? — Questionei a funcionária, a qual não   revelando um homem alto com uma bandeja enorme cheia de cupcakes.
 cheguei a ver com tanta frequência por ali, nem ao menos sabendo seu   Ele parecia confuso, olhando para mim e para a irmã.

 nome.
              — Esse é o policial que te ligou, Zoe? — Ricardo tinha uma voz suave,

  — Tá na cozinha. — Ela não chegava a fazer contato visual constante,   apesar de ser grave. Ele caminhou calmamente até a vitrine ao lado do
 prestando atenção nos outros clientes presentes e na entrada. — O que   balcão, colocando os cupcakes para exposição.

 quer com ele?   — Não sei e não quero saber, você não vai de qualquer jeito. — Zoe me
              olhou em ameaça, indo ajudar no posicionamento dos bolinhos.

  — Preciso conversar com ele. — Puxei o distintivo da carteira, mostran-   — Bem, se precisar eu vou ter que ir, Zo.
 do a ela. A reação não foi exatamente a que eu imaginava.

               Juntos, arrumaram todos os doces rapidamente, dando um soquinho as-
  — Vocês não vão cansar dele, né? — Sua voz sentou de tom repentina-  sim que terminaram, me ignorando completamente. Ricardo pegou um

 mente, combinando com sua expressão agora irritada. — Devem ter mais   daqueles cupcakes e o estendeu para mim, por mais tentado que estives-
 suspeitos por aí, não tem motivo pra virem aqui mais de uma vez.  se, tive que negar.



 Os clientes, que antes se entretiam com conversas paralelas e seus lan-   — Obrigado, mas acabei de sair de uma cafeteria.

 ches, agora pareciam interessados na nossa conversa, sentindo os olhares    — Tudo bem. — O mais alto tirou o avental, dobrou e o colocou na mesa
 diversos em minhas costas. Respirei fundo, guardando o distintivo e le-  ao lado da porta, saindo de trás do balcão em seguida. — Enfim, boa tar-

 vantando a mão até o ombro, na tentativa de acalmá-la.  de, senhor policial. Desculpe pelo contratempo com Zoe, ela não gosta
              muito de vocês.

  — Não vão ser muitas perguntas, prometo. — Pensei por um momento,    — Notei.
 olhando para a mulher, confuso. — Já vieram interrogá-lo?

                Atrás dele, a mulher continuava me ameaçando com o olhar.
  — Não, mas recebi muitas e muitas ligações irritantes da delegacia e já    — Vamos agora?

 disse que ele não vai pra lá.
                O barulho de um carro conhecido chegou aos meus ouvidos.

  — Isso não é escolha sua.   — Podemos conversar por aqui.



  — Meu irmão não fez nada!   Logo depois, o sino da porta tocou atrás de mim.
               — Oh, certo. Quer ir para-

  — Precisamos saber o quanto ele-   — Ricardo Rodríguez, você está preso. — A voz autoritária de Huening
              se aproximava, trazendo consigo o tintilar das algemas em suas mãos. —

  — Já disse que ele não vai!  E Guillermo Morales, você vem comigo.
 Ela bateu a mão com força no balcão, fazendo um baque alto que chegou

 a ecoar pela confeitaria. Ao fundo, consegui escutar um “iiiih…” vindo de
 algum dos clientes. Naquele momento, a porta de trás do balcão se abriu,
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