Page 77 - Revista Salesiano
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— Mais alguma coisa? — Falei, cruzando os braços.
— Te procuraremos quando necessário. Tao a acompanhará até a saída.
— Retrucou Howard no mesmo tom neutro que manteve em todo o diálo-
go.
Assim que ele terminou a fala, ouvi a porta atrás de mim abrir, revelando
uma mulher um tanto mais baixa que eu. Huening tinha uma expressão
curiosa de que a qualquer momento poderia me derrubar com apenas um
soco, e conversar com ela não muda muito essa impressão. Levantei sem
cerimônias, caminhando lentamente, acompanhando a mais velha.
Aquela conversa conseguiu encher o vazio da minha cabeça com muitas
perguntas, mas principalmente de preocupação. Miles era um amigo pre-
cioso, quase como um raio de sol pra mim e para aquela agência. Claro,
seu otimismo era quase insuportável, mas dava esperança a muitos ao
seu redor e fazia uma grande falta.Meus “divertidamentes” preparavam
uma série de flashbacks quando o processo foi interrompido pela voz da
mulher.
— Diga ao Guillermo que não se meta no caso. — O olhar dela estava
fixo no caminho a frente, já próximo da saída da delegacia — Eu conheço
bem aquele homem e sei que ele não vai desistir até conseguir o máximo
de informações mesmo afastado.
— Não acho que ele vá me escutar.
— Pois faça que escute ou ele pode perder o distintivo.
Um silêncio estranho se estabeleceu, porém logo consegui fugir dele ao
finalmente sair do local. Mesmo sem olhar para trás, conseguia sentir o
olhar de Huening queimando em minhas costas, me obrigando a adiantar
o passo de volta para casa.
Não era um caminho extenso, e era consideravelmente calmo. A vizi-
nhança trazia alguns bares nas esquinas e as casas não eram exatamente
padronizadas, porém possuíam arquiteturas semelhantes em questão de
tamanho; tinham a fachada pequena, mas bem longas em comprimen-
to. Destacadas pela simplicidade e paredes de cores primárias em tons